O recomeçar
Naquela hora do dia, silêncio e solidão,
escuto intranquilo o palpitar eterno do coração,
memória aturdida, jamais esquecida,
armário vazio deixado pra trás.
Uma longa partida, com volta rotina,
em dias de folga sou quem eu seria
se em outros desses dias tivesse ficado.
O olha ainda me crava lembrança,
a eterna paz de mirar o passado,
Ah não! Não fui tão insano,
em noites e dias liguei e avisei:
amanhã é sábado, volto pra casa!
E aquela diversão, a eterna amizade,
as mulheres sorrindo meu nome,
as meninas de anos atrás?
Tempo que levou o tempo que já foi
e é nas horas do infinito
(calma, lisonjeira nostalgia)
que o ontem faz mais sentido.
Mas não parto indignado, não digo decepcionado,
sou hoje um herói a trilhar mundos novos,
achei uma terra, uma nova cidade,
caminho meus passos e refaço meus olhos,
amanhã terei novamente de partir?
Não sei, e prefiro essa nuvem àquela tempestade,
o frio da dúvida é mais aconchegante agora,
é melhor que o congelado da certeza negativa.
E se me perguntar de quanto tempo esquecerei,
se me fizer dizer que de algo me acanho…
Direi ter sofrido mais quando não sabia amar,
direi ter tido menos brilho quando não pude beijar.
O hoje é feliz, o hoje é memória, o hoje é presente,
amanhã levantarei novamente,
um pouco mais longe do passado,
um pouco mais longe daqueles olhos,
daquele amor que nunca realizei.
Um pouco mais perto de um novo dia.
Poema do livro Mortas: palavras vivas
Escrito por : Fernando Kopaz
Fernando Kopaz tem a escrita no sangue desde muito pequeno. Com uma paixão por reflexões e questionamentos, traz sempre muitas interrogações em seus textos. Tem dois livros publicados: Folhas, folhas e gotas de sol e Mortas Palavras Vivas.
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